terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

É preciso deixar tudo às claras

Terça-Feira, 10 de fevereiro 2009

É preciso deixar tudo às claras

Antes de viver em comunidade achávamos que isso seria muito fácil. Pensávamos que tudo iria dar certo porque todos eram de Deus. Gostávamos de estar juntos. Orávamos.

Quando se reúnem pessoas – e nós éramos doze – , é o mesmo que pegar um saco, colocar gatos dentro e fechar, como sempre digo. Nós éramos literalmente um saco de gatos.

Somos e sempre seremos pessoas humanas, com o nosso gênio, nosso temperamento, nossa educação, nossos pontos de vista, nossa maneira de ser... Quando começamos a conviver e a partilhar tudo, surgem os atritos – sai até faísca. Assim, quando começamos a conviver vimos que tínhamos diferenças muito grandes. Era preciso nos reconciliar. Essa era a única maneira de sobreviver. Percebíamos que precisávamos fazer isso praticamente todos os dias, assim como todos os dias precisávamos tomar banho. Como, infelizmente, não agíamos sempre assim, íamos acumulando desentendimentos e havia dias em que, mesmo que não quiséssemos, Deus permitia que "estourássemos" uns com os outros. Os fatos e acontecimentos nos obrigavam a colocar tudo em comum e às claras. Tínhamos a franqueza de dizer tudo uns aos outros, mesmo que isso machucasse um pouco. Não havia outro jeito para resolver: era preciso reconciliar-se e perdoar. Muitas vezes, chorávamos e recomeçávamos tudo.

Dava a impressão, especialmente para quem não vivia ali, de que éramos todos "sem-vergonha". Vivíamos nos reconciliando e depois voltava tudo como era antes. Daí fomos constatando, pelos fatos, que o único jeito de estar com as mãos limpas era lavando-as sempre. Da mesma forma, o único jeito de estarmos unidos e reconciliados era ao nos reconciliarmos continuamente. Então, isso não era "sem-vergonhice", mas sim, uma necessidade.

Fomos captando um princípio de vida, básico para nós: chamamos a isso de "Viver reconciliados". Para isso é preciso viver se reconciliando, como nos ensina a Palavra de Deus:

"Não se ponha o sol sobre o vosso ressentimento" (Efésios 4, 26b).

Seu irmão,


Monsenhor Jonas Abib

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