Amados irmãos e irmãs, hoje, com toda a Igreja, celebramos a festa de Santo André, apóstolo do Senhor. Jesus não escolheu os mais letrados para O seguirem - como os fariseus, os escribas e os doutores da Lei - mas sim, os simples, os humildes. André foi o primeiro a ser chamado, era irmão de Pedro e pescador da Galileia.
A vocação, seja qual for ela, objetivamente é o maior valor que podemos possuir, pois ela é o caminho da plenitude, da felicidade e da nossa realização. Por meio dela se manifesta o plano do amor de Deus na vida de cada um de nós. No entanto, subjetivamente, a vocação terá um valor e uma qualidade para cada um, fundamentados naquilo que viemos a deixar, para que pudéssemos viver esta vocação. Explico.
Objetivamente: a vocação é o grande dom de Deus para nós; é o chamado do Senhor feito a nós, para que, percorrendo um caminho específico, venhamos a nos realizar plenamente em todos os sentidos da nossa vida.
Subjetivamente, o que deixamos para seguir este caminho diante do convite de chamado do Senhor? Deixamos muitas ou poucas coisas? Isso que deixamos possui um valor incomensurável? Quanto mais valioso é aquilo que deixamos, tanto mais valioso vai se tornar a vocação para nós.
Nunca me esqueço daquilo que fui convidado a deixar para seguir o caminho do sacerdócio: estava prestes a me casar quando tive de sublimar um relacionamento com uma noiva maravilhosa; um futuro brilhante no exército. Fui para o seminário, deixei o meu pai, que estava canceroso, em casa; tive que deixar a minha família e tantas outras coisas, minhas "riquezas", para ir em busca do tesouro de maior valor, aquele "terreno" do Evangelho.
Hoje, percebo que seria muito feliz e realizado se não tivesse dado meu "sim" para Deus e tivesse constituído uma família no Senhor. Todavia, não seria plenamente feliz e realizado; plenamente feliz e realizado estou hoje: como pessoa, como sacerdote, como missionário na Canção Nova, pelo fato de estar na vontade de Deus.
Muitas vezes, tive vontade de desistir, mas por que não consegui fazê-lo? Porque tudo aquilo que me impulsionava a desistir era infinitamente menor aos valores que deixei, fazendo com que minha vocação se tornasse o maior tesouro, maior até mesmo que tudo o que havia deixado.
Aquilo que deixamos com amor e de forma generosa, quando fazemos para alegrar o Coração de Deus, é justamente isso que dará valor para a vocação a qual o Senhor nos chama. Para dizer que vale a pena deixar nossas preciosidades para adquirirmos a riqueza por excelência: Deus e Sua vontade em nossa vida.
Quantos resolveram optar pelas suas preciosidades e as deixaram de trocar pelo tesouro maior que é Deus e Sua vontade e, por isso, trazem por toda vida uma decepção profunda por não poderem estar no lugar certo, sendo aquilo para o qual o Senhor os chamou. Sim, são felizes. Por isso, não são plenos; sempre trazem consigo a certeza de que se tivessem respondido de forma diferente seriam plenamente felizes.
Vocação acertada é certeza absoluta de vida plenamente feliz e realizada! Como sabermos se estamos na vocação certa e qual a nossa vocação? Sendo de Deus, íntimos d'Ele! Como consequência desta intimidade acontecerá a manifestação de um Deus que é Pai e que manifesta Seu plano de amor para cada um de nós.
Por que acabo de escrever tudo isso a vocês em relação ao Evangelho de hoje? Porque, meus irmãos e irmãs, quando acertamos a nossa vocação, nos tornamos instrumentos de Deus para a salvação das almas e a nossa salvação; do contrário, a exemplo dos escribas, fariseus e doutores da Lei, quando não estamos dentro do chamado de Deus, nos tornamos instrumentos de perseguição e morte na vida dos outros; não entramos e não deixamos ninguém entrar no Reino de Deus. O Senhor nos livre de estarmos fora do chamado de d'Ele, a exemplo dos fariseus, escribas e doutores da Lei.
Padre Pacheco
Comunidade Canção Nova