sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Homilia Diária - 19/12/2008



ANÚNCIO DO NASCIMENTO DE JOÃO BATISTA - Lc 1,5-25


Postado por: Padre Bantu Mendonça K. Sayla - dezembro 19th, 2008

Esta estranha entrada em cena de um ser que se tornará um dos mais importantes da realização dos planos divinos é muito do estilo do Antigo Testamento. Todos os seres vivos deviam ser destruídos pelo dilúvio, mas Noé e os seus foram salvos na arca. Isaac nasce de Sara, já em idade avançada para dar à luz. Davi, jovem e sem técnica de combate, derruba Golias. Moisés, futuro guia do povo de Israel, é encontrado em uma cesta e salvo da morte. Desta maneira, Deus quer destacar que Ele mesmo toma a iniciativa da salvação de seu povo. O anúncio do nascimento de João é solene. Realiza-se no marco litúrgico do templo.

Desde a designação do nome do menino, “João”, que significa “Deus é favorável”, tudo é concreta preparação divina do instrumento que o Senhor elegeu. Sua chegada não passará despercebida e muitos se alegrarão com seu nascimento (Lc 1, 14); abster-se-á de vinho e bebidas embriagantes, será um menino consagrado e, como prescreve o livro dos Números (6, 1), não beberá vinho nem licor fermentado.
João já sinal de sua vocação de asceta. O Espírito habita nele desde o seio de sua mãe. A sua vocação de asceta une-se à guia de seu povo (Lc 1, 17). Precederá o Messias, papel que Malaquias (3, 23) atribuia a Elias. Sua circuncisão, fato característica, mostra também a eleição divina: ninguém em sua parentela tem o nome de João (Lc 1, 61), mas o Senhor quer que seja chamado assim mudando os costumes. O Senhor é quem o escolheu, é ele quem dirige tudo e guia seu povo.

O nascimento de João é motivo de um admirável poema que, por sua vez, é ação de graças e descrição do futuro papel do menino. A Igreja canta esta poema todos os dias no final das Laudes reavivando sua ação de graças pela salvação que Deus lhe deu e em reconhecimento porque João continua mostrando-lhe “o caminho da paz”.

João Batista é sinal da irrupção de Deus em seu povo. O Senhor o visita, o livra, realiza a aliança que havia prometido. O papel do precursor é muito precioso: prepara os caminhos do Senhor (Is 40, 3), dá a seu povo o conhecimento da salvação. Todo o afã especulativo e contemplativo de Israel é conhecer a salvação, as maravilhas do desígnio de Deus sobre seu povo.
O conhecimento dessa salvação provoca nele a ação de graças, a benção, a proclamação dos benefícios de Deus que se expressa no “Bendito seja O Senhor, Deus de Israel”.

Esta é a forma tradicional de oração de ação de graças que admira os desígnios de Deus. Com estes mesmos termos o servidor de Abraão bendiz a Deus (Gn 24, 26). Assim também se expressa Jetró, sogro de Moisés, reagindo ao admirável relato do que Deus havia feito para livrar Israel dos egípcios (Ex 18, 10). A salvação é a remissão dos pecados, obra da misericordiosa ternura de nosso Deus (Lc 1, 77-78).

João deverá, pois, anunciar um batismo no Espírito para remissão dos pecados. Mas este batismo não terá apenas esse efeito. Será iluminação. A misericordiosa ternura de Deus enviará o Messias que, segundo duas passagens de Isaías (9, 1 e 42, 7), retomadas por Cristo (Jo 8, 12), “iluminará os que jazem entre as trevas e sombra da morte” (Lc 1, 79).O papel de João, “preparar o caminho do Senhor”. Ele o sabe e designa a si mesmo, referindo-se a Isaías (40, 3), como a voz que clama no deserto: “Preparai o caminho do Senhor”. Mais positivamente ainda, deverá mostrar àquele que está no meio dos homens, mas que estes não o conhecem (Jo 1, 26) e a quem chama, quando o vê chegar: “Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1, 29). João corresponde e quer corresponder ao que foi dito e previsto sobre ele. Deve dar testemunho da presença do Messias. O modo de chamá-lo indica que o l Messias representa para ele: é o “Cordeiro de Deus”.

Como João, a Igreja e seus fiéis têm o dever que não cobrir a luz, mas de dar testemunho dela (Jo 1, 7). A esposa, a Igreja, deve ceder o posto ao Esposo. Ela é testemunho e deve ocultar-se diante daquele a quem testemunha. Papel difícil o estar presente no mundo, firmemente presente até o martírio. como João, sem impulsionar uma “instituição” em vez de impulsionar a pessoa de Cristo. Papel missionário sempre difícil o de anunciar a Boa Notícia e não uma raça, uma civilização, uma cultura ou um país: “É preciso que ele cresça e que eu diminua” (Jo 3, 30).
Anunciar a Boa Notícia e não uma determinada espiritualidade, uma determinada ordem religiosa, uma determinada ação católica especializada; como João, mostrar a seus próprios discípulos onde está para eles o “Cordeiro de Deus” e não cercá-los como se fôssemos nós a luz que vai iluminá-los. Esta deve ser a minha e a tua meta: apresentar o cordeiro de Deus aos outros. Senhor daí-me a graça de ser verdadeiro testemunho afim de que com palavras e obras eu Vos leve a todos os povos e nações que não vos conhecem
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